terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Centauro Portugal quer entrar na América Latina




Os mercados emergentes – a América Latina, África e Ásia –, face à crise que assola o mundo capitalista Ocidental, são estratégicos para muitas pequenas e médias empresas (PME) que basearam o seu crescimento, ganhando quotas no mercado externo, sobretudo o europeu. É o caso concreto da Centauro Internacional, única empresa no País que fabrica componentes para a indústria de refrigeração e ar condicionado e que hoje exporta 43% do que produz na sua fábrica, em Castelo Branco.

A Centauro está fortemente empenhada em negociações com outros parceiros para garantir a sua participação em consórcios na América Latina, investimentos “sensatos”, revela José Ribeiro Henriques, presidente da empresa, mas que “podem garantir a nossa estabilidade durante os próximos anos”.

As estratégias são pensadas “quase diariamente”, dadas as constantes flutuações dos mercados, confidencia o sócio-fundador e presidente da Centauro – o mesmo que há 30 anos (1978) fundou a empresa numa cidade do interior que, na década de 80, ficava a seis horas de Lisboa e a oito do Porto e de Madrid.

“O mundo está de tal forma efervescente que países ricos como a Islândia ou a Noruega, que sempre foram bons mercados, estão como estão. Temos de nos virar para mercados emergentes, unindo esforços com outros parceiros”, sublinha o empresário, lamentando não ter podido receber em mãos o galardão PME Líder, com que a empresa foi distinguida recentemente pelo Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI), no âmbito do Programa FINCRESCE. Sendo, acima de tudo, um homem de negócios e uma vez que a cerimónia coincidiu com a realização de uma feira na Alemanha, o empresário prescindiu de receber o prémio em mãos, para marcar presença no certame. A Centauro fez-se representar pelos membros do conselho de administração, sempre empenhados em estabelecer contactos estratégicos com novos clientes e fornecedores e em conhecer a concorrência e as mais recentes inovações no sector.

Entre as 2100 PME Líder distinguidas este ano pelo IAPMEI, a Centauro destacou-se no ‘ranking’ das 21 empresas portuguesas de diferentes sectores de actividade que mais apostaram na inovação e tecnologia.

A Centauro integrou ambas as comitivas oficiais que este ano se deslocaram à Venezuela, presididas pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e pelo ministro da Economia, Manuel Pinho, trazendo em carteira bons contactos e negócios promissores. “O consórcio que está a nascer na Venezuela para uma rede de frio, (supermercados, entrepostos frigoríficos e outros), é muito promissor para a Centauro”. Na mira está um outro consórcio, que abrange toda a América Latina. Mas “o segredo é a alma do negócio”, afirma o sócio-fundador, que não revela em que os novos destinos que tem em mente, enumerando apenas as vantagens de mercados como a América Latina: a língua e a cultura, as reduzidas taxas de impostos e a centralidade de certos países daquele continente.

Com 95 colaboradores, a Centauro Internacional é uma das empresas do grupo Centauro Portugal, SGPS, sediado em Castelo Branco e vocacionado para a concepção, desenvolvimento, fabrico e comercialização de equipamentos destinados à indústria de refrigeração, climatização e ar condicionado.


Modernização reduz factura energética da empresa
Já em 2006, a Centauro recebia o reconhecimento público do ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, que presidiu à cerimónia de inauguração da câmara de pintura da fábrica, estimada em um milhão de euros; apenas uma parte do investimento global de quatro milhões e meio na modernização da fábrica. Nos últimos três anos, a Centauro entrou numa nova fase da sua existência, com a robotização das linhas de produção, uma moderna instalação de lavagem e desengorduramento e secagem dos equipamentos concebida pelos seus técnicos, atingindo assim melhorias significativas de produção e eficiência energética.

O investimento faseado permitiu à Centauro reduzir consideravelmente os seus custos de produção, pondendo hoje enfrentar a crise com mais segurança. “Há três anos, gastávamos mensalmente nove toneladas e meia de gás e conseguimos reduzir para quatro toneladas, gastamos hoje metade da tinta e a factura de electricidade é a mesma que em 2006”, sustenta José Henriques, adiantando que, apesar da crise, o volume de facturação deste ano apenas decresceu 9% realativamente a 2007.

(Reportagem Económica publicada no Diário Económico 2008-10-27)

Sem comentários: