sexta-feira, 10 de julho de 2009

Belgais tenta alternativa à falência



Leonor Veloso
Castelo Branco

Associação procura "diálogo aberto" com os credores e vai ser apoiada por especialistas em recuperação de empresas. Para já, quer assegurar a continuidade do projecto educativo da Escola da Mata.

Uma empresa de Lisboa, a Consulting4All, especializada em Consultoria Financeira e recuperação de empresas, está a analisar a situação económico-financeira da Associação Belgais, que ainda não avançou para a insolvência.

Depois de Joana Pires, filha da pianista e actual presidente da associação, ter anunciado o fim do projecto educativo de Belgais e o seu propósito em apresentar aos associados a proposta de insolvência, Belgais faz contas às dívidas e procura "diálogo aberto" com credores.

Os dirigentes querem solucionar problemas financeiros da associação fundada por Maria João Pires em Castelo Branco, e que foi alvo, em Junho último, de um arresto de bens no valor de 78 mil euros decretado pelo Tribunal do Trabalho de Castelo Branco, consequência de uma acção movida por ex-funcionários devido a salários em atraso.

A convocatória da assembleia geral, que reuniu à porta fechada em Belgais na última quarta-feira, incluía como ponto na ordem de trabalhos deliberar sobre a apresentação da associação ao processo de insolvência, por falta de meios financeiros para proceder ao pagamento imediato de obrigações já vencidas e outras que irão vencer a curto prazo. Todavia, momentos antes da reunião, César Viana, presidente da mesa da assembleia geral, adiantava aos jornalistas que não estava em cima da mesa qualquer proposta de dissolução, pelo que ainda é incerto o futuro da associação.

Da reunião apenas saiu um comunicado entregue aos jornalistas no qual se lê que a assembleia deliberou "aceitar o apoio oferecido pro bono (gratuito) pela empresa de consultoria Consulting4All para que seja feita uma análise detalhada da situação financeira da Associação Belgais".

"Encontrar a melhor estratégia para, com rapidez e acerto, enfrentar os difíceis problemas com que a associação se depara" é o objectivo da associação que, em comunicado, anuncia "um diálogo franco com as pessoas e entidades com quem existam situações pendentes, com o objectivo de, no respeito absoluto pelas decisões judiciais e pelos direitos das partes envolvidas, negociar e encontrar soluções satisfatórias e definitivas".

Sobre a continuidade do projecto educativo da Escola da Mata, os dirigentes da associação confirmam que irão estabelecer contactos com as entidades que tutelam ou colaboram no projecto "para que as crianças envolvidas possam continuar o seu percurso escolar de forma harmoniosa e tranquila, sem sofrerem as consequências de uma situação que lhes é alheia".

Ausente desta assembleia geral esteve o presidente da Câmara de Castelo Branco, Joaquim Morão, eleito presidente do Conselho Fiscal na assembleia geral decorrida em Janeiro, que também elegeu Joana Pires para presidente.

Ao DN o autarca afirmou: "Fui nomeado, mas nunca tomei posse como presidente do Conselho Fiscal, nunca fui a uma assembleia geral nem tive acesso ao relatório e contas de Belgais." O DN apurou que a associação prepara mais uma assembleia geral para o final do mês de Julho.

Publicado DN Artes a 10 de Julho 09

(http://dn.sapo.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1304270&seccao=M%FAsica)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Belgais com dívidas e processos em tribunal

por LEONOR VELOSO, Castelo Branco

Associação fundada pela pianista Maria João Pires está afogada num mar de dívidas e prepara o encerramento da escola e do projecto educativo, que foi o pilar de Belgais. É o fim inglório de um sonho.

A Associação Belgais, promotora do projecto educativo na Escola da Mata, enfrenta um processo de arresto de bens e foi condenada, em Maio, por dívidas ao Conservatório Regional de Castelo Branco. Apesar da contestação de Belgais, o Tribunal de Castelo Branco deu razão ao Conservatório numa acção movida contra a associação, por dívidas que remontam a 2005, no âmbito da organização do concurso internacional de acordeão, tendo sido condenada a pagar mais de 12 500 euros.

Em parceria com o Conservatório e a Câmara de Castelo Branco, a Associação Belgais envolveu-se na organização do evento, mas, dadas as suas dificuldades de tesouraria, o Conservatório adiantou os cachets dos músicos, da responsabilidade da associação. Segundo o DN apurou, o orçamento do festival, que decorreu na cidade em Outubro de 2005, foi apoiado por fundos comunitários, no âmbito do Interreg III, tendo o Conservatório emitido os recibos comprovativos. Após sucessivas promessas de pagamento não realizadas, o Conservatório moveu a acção que levou à condenação de Belgais.

O arresto de bens no valor de 78 mil euros (instrumentos musicais e equipamentos da associação, que estavam na escola da Mata), de que a associação foi alvo recentemente, deve-se a uma outra acção movida por cinco ex-funcionários de Belgais, segundo apurou o DN junto de fontes próximas, pelo não pagamento das respectivas indemnizações e ordenados em atraso de Dezembro, subsídio de Natal, Janeiro e Fevereiro.

Em Assembleia Geral agendada para o final do mês, Joana Pires, filha da pianista e responsável pelo projecto educativo de Belgais, vai propor aos associados "o encerramento da escola e o fim do projecto educativo", garantindo, porém, que serão realizadas, até finais de Julho, as Oficinas de Verão de Belgais, cujas inscrições já decorreram, contando com 40 crianças por semana, de todo o País.

Em conferência de imprensa, na segunda-feira, Joana Pires justificou assim o despedimento dos funcionários: para "não termos que declarar insolvência a meio do ano". Segundo a responsável, "perdemos patrocinadores e donativos e só lhes podíamos pagar o que o Ministério da Educação nos dava. Ficámos sem o resto do dinheiro que recebíamos". O DN apurou que o protocolo financeiro que a associação tinha com o banco espanhol Caja Duero terminou em Dezembro e não foi renovado.

Sem capacidade financeira para manter o projecto, Joana Pires pediu ajuda à Câmara Municipal de Castelo Branco, mas a resposta foi negativa. "Queríamos que a Câmara nos ajudasse a fazer uma garantia bancária; ainda por cima, a Câmara pertence ao Conselho Fiscal da associação, sa- be perfeitamente que nós não devemos esse valor", criticou, assegurando que a associação garantiria o pagamento da garantia bancária.

Em resposta, Joaquim Morão, presidente da câmara, garantiu que "é legalmente impossível" a câmara assumir uma garantia financeira para levantar o arresto. Quanto aos apoios, o autarca foi peremptório em afirmar que "a câmara não pode dar apoio financeiro para situações de falta de pagamentos a fornecedores e a funcionários; é um precedente que não podemos abrir".

Também o Ministério da Educação já tornou público que as dificuldades da associação "não implicam o fecho da Escola da Mata, mas apenas a necessidade de encontrar outras formas de gestão do projecto educativo", dado que "é uma escola pública integrada num agrupamento de escolas". O gabinete de comunicação do ministério referiu ter bloqueado subsídios "por falta de comprovativo de despesas" e revelou que parte do financiamento tem servido para pagar dívidas da associação à Segurança Social e às Finanças.

DN, 17 Junho 09

(http://dn.sapo.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1264346&seccao=M%FAsica)

sábado, 4 de abril de 2009

Hovione compra fábrica da Pfizer

por LEONOR VELOSO, CASTELO BRANCO

A Hovione assume segunda-feira a fábrica de princípios activos farmacêuticos da Pfizer, em Cork, na Irlanda. O anúncio foi feito ontem pelo administrador da empresa, Peter Willax, na 2.ª Conferência da Primavera, na Covilhã.
"Foi um óptimo negócio", afirmou, sem dar pormenores da transacção. A Pfizer produzia nesta fábrica o Lipitor, medicamento contra o colesterol, e como a patente estava a terminar, inventou um novo produto "que falhou na fase final dos ensaios clínicos". A aquisição da fábrica, num país que tem o IRC a 12% e "um apoio ao investimento estrangeiro exemplar", permitirá à Hovione continuar a crescer na produção de medicamentos de vanguarda mundial para os maiores laboratórios, sobretudo nos EUA. "As vendas do Lipitor totalizavam 12 biliões de dólares, o que é um terço do PIB nacional. Não vamos vender 12 biliões, mas é um bom negócio para nós", disse.
Durante a 2.ª Conferência da Primavera, promovida pelo Jornal do Fundão em parceria com a Câmara da Covilhã, sobre Internacionalização e Inovação como factores críticos para a sustentabilidade das PME", Peter Willax criticou a morosidade do licenciamento de terrenos, a lentidão da justiça e a complexidade das candidaturas aos fundos comunitários em Portugal, bem como a legislação, "tão fina e dirigida" que acaba por ter o efeito contrário ao pretendido. "Façam legislação simples e deixem a iniciativa privada decidir o que vai fazer com o dinheiro", defendeu.
Tags: Economia

(Publicado no DN, 4 Abril 2009)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Dois condutores dividem culpa de acidente da A23

LEONOR VELOSO, Castelo Branco

Castelo Branco. A reconstituição do acidente da A23, que vitimou 17 pessoas, foi feita ontem. Um ano e três meses depois, o advogado das vítimas aponta a possibilidade do condutor do pesado dividir as culpas no acidente com a condutora do ligeiro - acusada pelo MP de homicídio por negligência

Reconstituição mostra desvio na rota do autocarro

Os dois condutores intervenientes no acidente da A23, que vitimou mortalmente 17 pessoas na noite de 5 de Novembro de 2007, "tiveram culpa", concluiu o advogado João Carlos Marcelo, após assistir à reconstituição do acidente realizada ontem de manhã na auto-estrada 23, por decisão do juiz de instrução Jorge Martins.

"Esta reconstituição foi importante e esclarecedora. Vimos aqui ao vivo que o autocarro claramente invadiu em 20 centímetros a semifaixa da esquerda onde circulava o veículo ligeiro [um Ford Fiesta] e a condutora do ligeiro, embora tivesse espaço para passar, por imperícia ou outra razão, embateu no autocarro", esclareceu o advogado de defesa dos familiares de 14 vítimas mortais e de mais sete sobreviventes do acidente.

"No momento da dinâmica do acidente, o autocarro estava com ambas as rodas da esquerda na semifaixa da esquerda e a 1,51 metros da faixa à direita, quando as regras dizem que se deve conduzir o mais à direita possível", esclareceu o advogado, o único no local que se dispôs a prestar declarações aos jornalistas.

"A condutora deve ter-se atrapalhado e embateu na parte de trás do autocarro, o que deverá ser suficiente para acusar o condutor do autocarro, mas não com culpa exclusiva", precisou. "A peritagem correu bem e toda a gente envolvida no processo que queria imputar culpas ao motorista ficou satisfeito", adiantou o advogado de defesa das vítimas, explicando que "o próprio motorista admitiu nos autos que só viu um clarão dos faróis no momento do embate".

João Marcelo especificou ainda que "o juiz pode determinar que ambos tenham culpa em iguais proporções ou não, mas a nós basta ter apenas cinco por cento da culpa para ser condenado e a seguradora dele também", afirmou o advogado, dando a entender que se o motorista for condenado poderá ser accionado o seguro de responsabilidade civil do autocarro para pagar as indemnizações às vítimas. O seguro do veículo ligeiro pode não cobrir as despesas.

Albertina Gonçalves, professora da disciplina de Bainhas Abertas da Universidade Sénior de Castelo Branco, que promoveu a visita de estudo a Fátima, disse ao DN que a fase de instrução do processo, que termina a 6 de Março, significa "reviver todo o drama outra vez".

A professora assumiu, após a reconstituição de ontem, estar "muito preocupada com o senhor Fernando [o motorista]". Refere que "ele fez os possíveis e os impossíveis para nos salvar daquela situação e não é justo que seja condenado, tudo por dinheiro".

Conta Albertina Gonçalves, que ainda hoje é professora na USALBI, que há pessoas a fazer fisioterapia e que os tratamentos "têm sido pagos pelo seguro, mediante a apresentação das facturas".

A condutora do veículo ligeiro, Ca
rina Rodrigues, foi acusada em Setembro de 2008 pelo Ministério Público de homicídio por negligência, por "falta de atenção e cuidado" ao ultrapassar o autocarro. Professora numa escola de Mação, após o acidente, Carina entrou de baixa e deixou de dar aulas. Recebeu acompanhamento médico.

Publicado no DN de 21 de Fevereiro
(http://dn.sapo.pt/2009/02/21/cidades/dois_condutores_dividem_culpa_aciden.html)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Roubaram tronco fóssil com cinco milhões de anos



LEONOR VELOSO, Castelo Branco
Vila Velha de Ródão. Vaga de furtos de brasões e pias em Castelo Banco Um tronco fóssil com cinco milhões de anos, um dos mais importantes geomonumentos do Geoparque Naturtejo, único no país classificado pela UNESCO, foi roubado da Herdade da Coutada, propriedade privada no concelho de Vila Velha de Ródão, em Castelo Branco. O tronco petrificado, "em excelente estado de preservação", e em vias de ser classificado como Bem Móvel de Interesse Municipal, pertence à família das Anoneiras, árvores que, actualmente, só existem em latitudes tropicais, o revela o seu importante contributo para compreender as alterações climáticas globais no planeta e no Médio Tejo. O roubo está já a ser investigado pela GNR local e, dada a dimensão desta árvore petrificada (dois metros de altura e um de diâmetro, e o peso aproximado 15 toneladas), calcula-se que "o roubo terá sido planeado com o recurso a uma retroescavadora e a um camião", adiantou ao DN Carlos Neto de Carvalho, geólogo do Geoparque Naturtejo, e autor de um artigo de investigação sobre o achado geológico. "Nos últimos meses, tem acontecido na nossa região uma série de vendas e roubos de pedras rústicas, brasões e pias, e até muros completos que são desmantelados", revela o investigador, mencionando o recente caso do furto do brasão da Porta de Santo António da muralha de Monsanto. "É um legado que está a ser perdido e estando mais ou menos abandonado na nossa região é alvo de roubos e vendas", evidenciou, fazendo o alerta a todos quantos possam ajudar na localização . "Este fóssil não tem um elevado valor comercial, mesmo para um coleccionador não é um fóssil raro de grande valor, como poderá ser um osso de um dinossauro, e as suas grandes dimensões levam a crer que terá sido subtraído com fins meramente ornamentais", esclarece o responsável do Geoparque Naturtejo. "Esta região é o eixo de um fluxo de venda ou subtracção de pedras rústicas e o mercado é claramente o espanhol", denunciou, adiantando que se o achado ainda estiver em território nacional, ainda "é possível reavê-lo, mas se for localizado em Espanha será muito complicado". E explica que a nova lei de Conservação da Natureza já contempla a inventariação nacional de geossítios, de que faz parte o tronco, o que facilita a sua reposição, caso seja localizado.

Publicado no DN, 11 de Fevereiro 2009
(http://dn.sapo.pt/2009/02/11/cidades/roubaram_tronco_fossil_cinco_milhoes.html)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Assalto e tiroteio em Castelo Branco




Ladrão ameaçou matar-se e pediu última cerveja



LEONOR VELOSO, Castelo Branco
Castelo Branco. Agente da PSP ferido em assalto a ourivesaria Um agente da PSP foi ontem ferido numa tentativa de assalto à mão armada a uma ourivesaria no centro da cidade de Castelo Branco. O assalto ocorreu ontem ao final da tarde e contou ainda com uma fuga e perseguição aparatosas com um dos quatro assaltantes a ameaçar matar-se com uma arma apontada à cabeça -mas ainda assim pediu uma última cerveja. A dona da ourivesaria enfrentou os ladrões.

"Dei-lhe com um ferro no braço, queria fazer-me deitar e eu com os nervos bati-lhe", descreveu Gracinda Nabais, co-proprietária da ourivesaria, momentos antes de entrar num carro patrulha para prestar declarações na PSP. Gracinda estava, com a outra proprietária, a fazer o encerramento da ourivesaria,pouco depois das 19.00, quando alguém bateu à porta e elas abriram.

Ricardo Araújo, uma das testemunhas que se encontrava numa varanda da rua, conta que o indivíduo as ameaçou com uma arma, uma das proprietárias deitou-se no chão e a outra, Gracinda Nabais, terá aproveitado um momento de distracção e acertou-lhe com um ferro na mão. A arma acabou por cair no chão. Segundo contam outras testemunhas, as mulheres fugiram e refugiaram-se num dos cafés ao lado, pedindo ajuda, e o homem fugiu rua abaixo.

Um grupo de polícias à paisana interceptou-o na fuga, e este terá disparado vários tiros, tendo ferido um dos agentes da PSP e acertado em alguns carros. De seguida, o assaltante fugiu para um estacionamento, perseguido pela polícia, onde se barricou junto a um depósito de gás e terá ameaçado fazer explodir o depósito, caso a polícia se aproximasse.

Em directo para a RTP - que, alertada para o sucedido, filmava a cena a partir das traseiras de um ginásio - o indivíduo ameaçou matar-se e pediu uma cerveja, porque dizia que não queria morrer sem beber uma última cerveja. As conversas que os agentes da PSP foram mantendo com o indivíduo surtiram efeito e este acabou por se entregar.

DN, 28 Janeiro 2009
(http://dn.sapo.pt/2009/01/28/cidades/ladrao_ameacou_matarse_e_pediu_ultim.html)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Centauro Portugal quer entrar na América Latina




Os mercados emergentes – a América Latina, África e Ásia –, face à crise que assola o mundo capitalista Ocidental, são estratégicos para muitas pequenas e médias empresas (PME) que basearam o seu crescimento, ganhando quotas no mercado externo, sobretudo o europeu. É o caso concreto da Centauro Internacional, única empresa no País que fabrica componentes para a indústria de refrigeração e ar condicionado e que hoje exporta 43% do que produz na sua fábrica, em Castelo Branco.

A Centauro está fortemente empenhada em negociações com outros parceiros para garantir a sua participação em consórcios na América Latina, investimentos “sensatos”, revela José Ribeiro Henriques, presidente da empresa, mas que “podem garantir a nossa estabilidade durante os próximos anos”.

As estratégias são pensadas “quase diariamente”, dadas as constantes flutuações dos mercados, confidencia o sócio-fundador e presidente da Centauro – o mesmo que há 30 anos (1978) fundou a empresa numa cidade do interior que, na década de 80, ficava a seis horas de Lisboa e a oito do Porto e de Madrid.

“O mundo está de tal forma efervescente que países ricos como a Islândia ou a Noruega, que sempre foram bons mercados, estão como estão. Temos de nos virar para mercados emergentes, unindo esforços com outros parceiros”, sublinha o empresário, lamentando não ter podido receber em mãos o galardão PME Líder, com que a empresa foi distinguida recentemente pelo Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI), no âmbito do Programa FINCRESCE. Sendo, acima de tudo, um homem de negócios e uma vez que a cerimónia coincidiu com a realização de uma feira na Alemanha, o empresário prescindiu de receber o prémio em mãos, para marcar presença no certame. A Centauro fez-se representar pelos membros do conselho de administração, sempre empenhados em estabelecer contactos estratégicos com novos clientes e fornecedores e em conhecer a concorrência e as mais recentes inovações no sector.

Entre as 2100 PME Líder distinguidas este ano pelo IAPMEI, a Centauro destacou-se no ‘ranking’ das 21 empresas portuguesas de diferentes sectores de actividade que mais apostaram na inovação e tecnologia.

A Centauro integrou ambas as comitivas oficiais que este ano se deslocaram à Venezuela, presididas pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e pelo ministro da Economia, Manuel Pinho, trazendo em carteira bons contactos e negócios promissores. “O consórcio que está a nascer na Venezuela para uma rede de frio, (supermercados, entrepostos frigoríficos e outros), é muito promissor para a Centauro”. Na mira está um outro consórcio, que abrange toda a América Latina. Mas “o segredo é a alma do negócio”, afirma o sócio-fundador, que não revela em que os novos destinos que tem em mente, enumerando apenas as vantagens de mercados como a América Latina: a língua e a cultura, as reduzidas taxas de impostos e a centralidade de certos países daquele continente.

Com 95 colaboradores, a Centauro Internacional é uma das empresas do grupo Centauro Portugal, SGPS, sediado em Castelo Branco e vocacionado para a concepção, desenvolvimento, fabrico e comercialização de equipamentos destinados à indústria de refrigeração, climatização e ar condicionado.


Modernização reduz factura energética da empresa
Já em 2006, a Centauro recebia o reconhecimento público do ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, que presidiu à cerimónia de inauguração da câmara de pintura da fábrica, estimada em um milhão de euros; apenas uma parte do investimento global de quatro milhões e meio na modernização da fábrica. Nos últimos três anos, a Centauro entrou numa nova fase da sua existência, com a robotização das linhas de produção, uma moderna instalação de lavagem e desengorduramento e secagem dos equipamentos concebida pelos seus técnicos, atingindo assim melhorias significativas de produção e eficiência energética.

O investimento faseado permitiu à Centauro reduzir consideravelmente os seus custos de produção, pondendo hoje enfrentar a crise com mais segurança. “Há três anos, gastávamos mensalmente nove toneladas e meia de gás e conseguimos reduzir para quatro toneladas, gastamos hoje metade da tinta e a factura de electricidade é a mesma que em 2006”, sustenta José Henriques, adiantando que, apesar da crise, o volume de facturação deste ano apenas decresceu 9% realativamente a 2007.

(Reportagem Económica publicada no Diário Económico 2008-10-27)