quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Roubaram tronco fóssil com cinco milhões de anos



LEONOR VELOSO, Castelo Branco
Vila Velha de Ródão. Vaga de furtos de brasões e pias em Castelo Banco Um tronco fóssil com cinco milhões de anos, um dos mais importantes geomonumentos do Geoparque Naturtejo, único no país classificado pela UNESCO, foi roubado da Herdade da Coutada, propriedade privada no concelho de Vila Velha de Ródão, em Castelo Branco. O tronco petrificado, "em excelente estado de preservação", e em vias de ser classificado como Bem Móvel de Interesse Municipal, pertence à família das Anoneiras, árvores que, actualmente, só existem em latitudes tropicais, o revela o seu importante contributo para compreender as alterações climáticas globais no planeta e no Médio Tejo. O roubo está já a ser investigado pela GNR local e, dada a dimensão desta árvore petrificada (dois metros de altura e um de diâmetro, e o peso aproximado 15 toneladas), calcula-se que "o roubo terá sido planeado com o recurso a uma retroescavadora e a um camião", adiantou ao DN Carlos Neto de Carvalho, geólogo do Geoparque Naturtejo, e autor de um artigo de investigação sobre o achado geológico. "Nos últimos meses, tem acontecido na nossa região uma série de vendas e roubos de pedras rústicas, brasões e pias, e até muros completos que são desmantelados", revela o investigador, mencionando o recente caso do furto do brasão da Porta de Santo António da muralha de Monsanto. "É um legado que está a ser perdido e estando mais ou menos abandonado na nossa região é alvo de roubos e vendas", evidenciou, fazendo o alerta a todos quantos possam ajudar na localização . "Este fóssil não tem um elevado valor comercial, mesmo para um coleccionador não é um fóssil raro de grande valor, como poderá ser um osso de um dinossauro, e as suas grandes dimensões levam a crer que terá sido subtraído com fins meramente ornamentais", esclarece o responsável do Geoparque Naturtejo. "Esta região é o eixo de um fluxo de venda ou subtracção de pedras rústicas e o mercado é claramente o espanhol", denunciou, adiantando que se o achado ainda estiver em território nacional, ainda "é possível reavê-lo, mas se for localizado em Espanha será muito complicado". E explica que a nova lei de Conservação da Natureza já contempla a inventariação nacional de geossítios, de que faz parte o tronco, o que facilita a sua reposição, caso seja localizado.

Publicado no DN, 11 de Fevereiro 2009
(http://dn.sapo.pt/2009/02/11/cidades/roubaram_tronco_fossil_cinco_milhoes.html)

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